segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Luz

Eu me vejo sendo massacrada por milhares de borboletas incandescentes, prontas a me atacar, me torturar e então eu caio em um precipício luminoso, com uma música calma e um cheiro de perfume barato rondando o ar, suplicando para que eu vá mais fundo, agarre com mais força, queira muito mais do que eu já tenho.
Estico a minha mão meio aquele moinho de palavras sussuradas e agarro uma folha de papel, preenchida com linhas tortuosas e margeada de asas macias, eu desejo e lá no topo aparece escrito "Suas Falas" com uma caligrafia quase angelical. Suspiro e logo estou rodando de novo, deixando para trás folhas, suspiros e borboletas.
Fico deitada por um tempo até entender que parei de rodar e desejo fervorosamente não sair mais do lugar. Aquela luz que havia antes, aparentemente, se tornou mais intensa e meus olhos lacrimejam quando tento olhar em volta.
É uma sala cheia de quadros, com pessoas em preto e branco me encarando com olhos, ora bondosos, ora acusadores. Em um canto próximo há uma porta de madeira, onde estão talhadas as iniciais E.V, eu me vejo em um espelho. A luz incomoda meus pensamentos, é como se eu pudesse ver através de mim, como se eu pudesse ver mais do que deveria e então a porta se abre.
Vejo um lampejo seu. E então não vejo mais nada.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Deixe-se pensar

Pobres noções de nada. Correm pelas minhas veias, explodem e formam redomoinhos por volta e com a corda toda sobre meus pensamentos. Abra-se e ela se abre como uma verdadeira forma de luz e paz para aqueles que já perecem na natureza morta de não ser. Poderia existir algo mais sublime do que a falta de não ter o que não ser?
Todas as mensagens são compostas de séries estranguladas de hipocrisia, de falta de bom senso, de falta de vontade de ser algo mais do que nos resta e do espelho mesmo você pode ver, todas as rugas, marcas de expressões ou a falta da mesma, somos tão pequenos e ninguém para pra pensar que talvez o erro dos erros seja nosso. E é nosso.
Todo o tempo é perdido com a falta de maturidade que o povo esqueceu de praticar, esqueceu que existia, fingiu que não sabia e agora culpa os outros. Mas quem são os outros senão parte do grupo daqueles que culpam também o próximo?

Morros desabando, ventos uivantes que batem na sua cara te lembrando que é mais forte, água e mais água, talvez te recordando que um dia só lhe reste água salgada; Lágrimas por aquilo que um dia foi. O mundo ta reagindo? Sim. E nós? Vamos continuar agindo como estivemos? Será culpa do governo ou falta-nos o bom senso? Acho que é hora de abrir o baú e encontrar aquele restinho de vergonha na cara e admitir que o erro é nosso. Deixem com que eles joguem a culpa nos que estiverem mais próximo. Eu assumo meus erros. Você também devia.

C O N S - C I Ê N C I A

sábado, 1 de janeiro de 2011

Sombra

Qual seu nome? - Perguntou, claramente frustrada, a menina.
Tenho o nome que quiser, -respondeu a sombra na parede fria e pálida - É só me falar o que tenho que ser.
Mas a menina não queria que a sombra fosse nada, gostaria que fosse apenas uma sombra e como se atendesse seu pedido, a sombra permaneceu sombra em silêncio. Após minutos encarando aquilo como se estivesse louca, resolveu verificar sua sanidade e por fim, disse:
- Calou-se, ótimo...
- Não calei, estava apenas esperando sua resposta - argumentou a sombra, na defensiva.
- Não quero que fales...
- Se realmente não quisesse, nem falaria comigo de princípio... Veja os fatos, você precisa de alguém para conversar e aqui estou...

A menina considerou o argumento, encostou sua cabeça na parede e deu início a uma longa conversa com a sombra. Passadas talvez duas horas em que se encontrava perdida meio a conversas interessantissimas com a sombra, sua mãe a encontrou e ficou observando a menina, que não havia notado a presença materna.
A mãe ficou alguns, de acordo com sua mente, longos minutos vendo aquela prosa e então resolveu pronunciar-se.

- Pare de falar sozinha e entre em casa, a janta está na mesa.

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Só porque todos batemos longos papos com nós mesmos e quando vemos alguém fazendo isso em voz alta, o chamamos de loucos. (: