terça-feira, 31 de maio de 2011

Batida

Eu vou agir conforme a batida, pensando no ritmo do seu coração. Cansei de pensar só por mim, pelos meus erros, cansei de ser freada diante o desespero informal da vida.
Pensar em um modo de não interromper o nosso drama, curvando as friezas e nos sentindo bem por sermos nós mesmos a estar ali.
Não vou me decepcionar dessa vez.

Enterrei os joelhos na terra úmida, levei minhas mãos ao céu e me levei pra bem longe dali.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Persistência

A sua imbecilidade por não querer o que pode ter, é quase tão enorme quanto a minha de querer algo que não posso ter.

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A persistência, o impulso insano de querer algo que não existe.

Olhou para os lados respirando lentamente, tentando focar em qualquer movimento inesperado, como se seu coração estivesse do lado de fora, fora do lugar. Atentou seu cérebro para imagens de uns anos atrás e não houve movimento algum. Até que enfim, pensou aliviada. Então, como se em resposta, viajou para alguns verbos mais recentes e quase pode escutar o som abafado que temerá. Uma gota salgada rolou discretamente por entre os pulsos, por entre os ares. Ela havia trocado de ventura, trocará um que já não a machucava mais por um que a cada passo dado, pisa em seu pé, que a cada palavra dita, consegue tocar sua nuca, fazendo com que linhas invisíveis de energia percorram suas costas frias. Vá se foder, pensou enquanto dormia. Sorriu.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amargo

O som amargo que me invade
A saliva aguda que consome
O pão, a ausência, o coração
A vontade absoluta do não

Sobe e desce na saudade
Fora o som que me emudece
Perco o passo, esqueço a idade
O grito frio que não se esquece

Sois o branco que largou
Perdura e cura a emoção
Sois o negro pálido que negou
Toda essa necessidade dor