quarta-feira, 2 de março de 2011

Nada Aconteceu

Ela jogou-se, reprimida por seus pensamentos, em mar profundo. Água ou gelo, não poderia dizer, pois foi tão rápido quanto o ato de pular.
Afogou-se então em lágrimas, chorou por desespero, quis por consolo não sair mais daquela posição e vulnerável que estava, fechou os olhos.
A dor aguda pairou sobre seus pulmões e suas bocas pediam reza, ajuda de qualquer plano que pudesse toca-la. Ainda não sabia que morrera.
Pensou no mundo ainda colorido sobre seus olhos fechados e quis ter certeza que não sonhava. Abriu a boca e suspirou fundo. Ah, quão fundo tinha de ter ido para chegar onde estava...
Ninguém ousou dizer uma sílaba, por respeito, afeição, por qualquer razão que seja, seguraram na garganta os gritos histéricos de sanidade. Não queria ser sã, ninguém precisava disso agora.
Seu cérebro apagou lentamente, sua boca secou de tristeza e nada podia conforta-la.
Levou os braços aos joelhos, agarrou a pele com os dentes e gritou com a sanidade de um titã.
Parou alguns segundos, suspirou, abriu os olhos e saiu andando calmamente.
Nunca nada aconteceu.

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As dores profundas de um calor mal resolvido
Pensamentos insanos que me torturam a mente
Indiferente ao temor, você adormece
Esquece que me viveu ontem
E não liga se eu quero viver de novo
Amanhã.

3 comentários:

Gabriel Pozzi disse...

veja só, quando vi que a ideia do blog eram "desabafos de uma vida comica e cansativa", eu jamais imaginaria encontrar um texto tão denso e simbolista logo de cara!
se isso foi um desabafo de alguma forma (metaforas estão aí pra isso), eu não sei, mas espero que todo esse sofrimento descrito tenha passado mesmo, como se nada tivesse acontecido, porque olha...

gostei muito do texto, tá de parabéns, espero que o blog tenha mais visitas, eu mesmo voltarei ^^

http://songsweetsong.blogspot.com/

Alex Azevedo Dias disse...

Ela mergulhou, tensa e mal-intencionada, para labaredas líquidas. Não sentiu as chamas queimá-la, pois no ato de misericórdia, sem lamento, congelou nas chamas concluintes de uma história - sem fim. Um ponto final, fronteiriço, abrindo para um recomeço de possibilidades de um oceano que arde e de uma fogueira que umedece. Belíssimo seu texto! Aplausos! bjs...

Anônimo disse...

Nossa!
Ela morreu? Foi um surto psicotico??
Muito legal. adorei. *-*

=*